Alguns microrganismos são extremamente resistentes. Certas espécies de fungos e bactérias podem sobreviver em temperaturas muito altas ou muito baixas, e outros podem até sobreviver em naves espaciais. Certos fungos e bactérias foram detectados, inclusive, na Estação Espacial Internacional.

Nesse sentido, estimativas apontam que os seres humanos podem já ter contaminado Marte com esses microrganismos. O geneticista Christopher Mason, da Universidade de Cornwell, afirma, em um artigo publicado pela BBC, que as mais de 30 naves não-tripuladas enviadas a Marte podem já ter espalhado vida pelo Planeta Vermelho.

Essas naves da agência espacial americana, assim, passam por um processo rigoroso de desinfecção antes de irem para o espaço. Mais especificamente, a NASA segue o protocolo ISO-5 para limpar as naves de contaminação biológica — a escala de controle de contaminação vai de ISO-1 (melhor controle) a ISO-9 (pior controle). Contudo, é praticamente impossível se eliminar 100% dos microrganismos de uma máquina como uma nave espacial.

Isso acontece pois os principais microrganismos (vírus, fungos e bactérias) possuem a característica de ubiquidade. Ou seja, eles estão espalhados por praticamente todas as superfícies possíveis. Isso, vale ressaltar, acontece porque microrganismos foram as primeiras formas de vida do planeta e, portanto, tiveram mais de 3 bilhões de anos para dominar a Terra.

Reprodução/Pixabay/WikiImage

Efeitos de microrganismos em naves espaciais

O primeiro problema de carregar um microrganismo em uma missão espacial é que ele pode competir com organismos que possam já existir em Marte. Ou seja, se houver mesmo vida microscópica em Marte, nossas bactérias e fungos terráqueos podem acabar com ela antes que possamos detectá-la, por competição.

Além do mais, um microrganismo que chega ao espaço passa por um processo intenso de seleção. Suponha que uma colônia de bactérias cresça na lateral de uma nave da NASA.

Quando essa colônia (com milhões ou bilhões de indivíduos) chegar ao espaço, as bactérias que não aguentarem a radiação e a falta de água vão morrer. Isso deixará a colônia apenas com bactérias resistentes a essas condições. Por mecanismos semelhantes acontece o surgimento de superbactérias resistentes a antibióticos.

Ademais, a presença desses microrganismos poderia confundir bastante os astronautas a bordo das naves. Isso porque levaria bastante tempo e estudo para identificar se um microrganismo é mesmo alienígena ou se é uma contaminação vinda da Terra. Dessa forma o precioso tempo no Planeta Vermelho poderia ser gasto apenas para caracterizar um organismo que já existe na Terra.

Com informações de BBC.
Publicado originalmente por SoCientíficaLeia o original aqui.