FLAVIA CORREIA, OLHAR DIGITAL — Lançado no Natal de 2022, o Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês) não só já está devidamente instalado em sua morada no espaço, no Segundo Ponto de Lagrange (L2) entre a Terra e o Sol, a 1,5 milhão de quilômetros daqui, como também já está em vias de começar suas observações científicas. 

No ano passado, o tão aguardado observatório de luz infravermelha que promete revolucionar a Astronomia esteve envolvido em uma polêmica referente ao seu nome, já que ele faz referência a uma figura controversa da história da agência espacial norte-americana e dos EUA. 

Para quem não se lembra ou não teve conhecimento do assunto, noticiado pelo Olhar Digital em outubro, mesmo após apelo da opinião pública, de diversos astrônomos e até de funcionários para que o nome do telescópio fosse trocado, a NASA decidiu manter a homenagem ao seu ex-administrador James Webb. Pesam sobre ele acusações de ter cometido crime de homofobia.

No entanto, parece que a decisão ainda pode ser revertida, mesmo com o telescópio já em funcionamento, na fase final de seu período de comissionamento, prontinho para começar a trabalhar.

James webb é acusado de perseguir homossexuais 

Segundo o site Space.com, a NASA ainda não terminou suas investigações sobre a carreira do ex-gestor, que foi o segundo administrador da agência. Entre 1961 e 1968, ele supervisionou o programa Apollo, que pousou humanos na Lua e defendeu a agenda científica da NASA, sendo essa a motivação citada em 2002, quando o então administrador Sean O’Keefe decidiu nomear o que estava sendo chamado de Telescópio Espacial de Próxima Geração em homenagem a Webb.

James Edwin Webb foi administrador da NASA entre 1961 e 1968.
James Edwin Webb foi administrador da NASA entre 1961 e 1968.
Reprodução/NASA

Os pedidos para que o projeto fosse renomeado foram inúmeros, baseados em avaliações de que, durante o tempo de Webb no governo federal, ele alimentou a discriminação contra pessoas LGBTQIA+, em uma operação que foi apelidada de Pânico Lavanda. Ele também é acusado de ter permitido que a segurança da agência espacial americana interrogasse funcionários no passado por serem homossexuais.

Diante dos protestos, a NASA abriu uma investigação e, ao anunciar a decisão de manter o nome, o atual administrador da agência, Bill Nelson, foi acusado de ter sido superficial nas justificativas, o que, até hoje, não foi aceito pelos críticos.

“A declaração do administrador foi que, naquela época, não havia nenhuma evidência que nos levasse a mudar o nome”, disse Paul Hertz, chefe da divisão de astrofísica da NASA, em uma reunião do Comitê Consultivo de Astrofísica na quarta-feira (30). “A pesquisa não foi concluída, e nós não pretendemos insinuar que tenha sido.”

Hertz também reconheceu que a controvérsia complicou a excitação dos cientistas pelas observações que o telescópio de alta potência fornecerá. “Eu sei que a decisão que a NASA tomou é dolorosa para alguns, e parece errada para muitos de nós”, disse ele.

Brian Odom, historiador-chefe interino da NASA, que também estava na reunião, vai neste mês até a Biblioteca Presidencial Harry S. Truman, que fica em Independence, no estado americano do Missouri, para analisar documentos da época de Webb como subsecretário de Estado de Truman, de 1949 a 1952, época que ocorreu o Pânico Lavanda. Essa operação foi uma perseguição de funcionários federais LGBTQIA+ que resultou em milhares de pessoas sendo demitidas ou forçadas a renunciar, de acordo com um artigo publicado pela Administração de Arquivos e Registros Nacionais.

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