Akaer é um grupo empresarial brasileiro que atua nos setores de Defesa e Aeroespacial. São duas empresas do grupo Opto Space & Defense e Equatorial Sistemas, em São José dos Campos, no estado de São Paulo, que estão desenvolvendo “apurados olhos” para monitoramento da Terra a partir da Terra.
A câmera E3UCAM, projeto iniciado há apenas dois anos, possui uma resolução muito superior às dos satélites atualmente em operação pelo Brasil para o exercício da função. Cada pixel poderá cobrir uma área de 9 m². Provavelmente seu quarto é maior do que isso. Essa resolução possibilita detectar até mesmo um carro ou uma picape a partir do espaço.
Ela equipará o nanosatélite VCUB1, produzido pela Visiona — empresa que surgiu com a Embraer e a Telebras. O tamanho desse minúsculo satélite é de apenas 30x20x10 cm. Você pode medi-lo utilizando uma simples régua escolar. Os grandes satélites são pesados e caros para se produzir e lançar. Essa é a vantagem do pequeno cubesat.
O projeto permitirá uma grande ajuda no monitoramento ambiental, combatendo, por exemplo, o crescente desmatamento na Amazônia, tema que causou polêmica e ganhou espaço nas discussões recentes dentro da política nacional. Não só a Amazônia, mas muitos outros ecossistemas brasileiros ameaçados.
Previsto para ser lançado também em 2020 há outro satélite, desenvolvido pelo Inpe e produzido inteiramente pelo Brasil. Iniciada em 2008, sua demorada construção é reflexo da dificuldade de se produzir ciência no país. Apesar de grande e caro — cerca de 500 kg e mais de duzentos milhões para a produção —, o Amazonia-1 é um excelente produto do esforço brasileiro, e deve trazer muitos resultados.
Recentemente, após questionar dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o governo brasileiro demonstrou inclinação a comprar um sistema de monitoramento da empresa americana Planet, que utiliza microssatélites. O sistema já foi utilizado anteriormente por alguns estados brasileiros. Ambos os satélites estão para ser lançados nesse contexto.
O VCUB1 representa, assim como o Amazonia-1, um grande avanço para o Brasil. Além de ser muito barato, a tecnologia envolvida na aguçada câmera é dominada por poucos países no mundo, e conseguimos desenvolvê-la internamente, mesmo em um ambiente pouco propício. Ademais, o satélite é muito barato: o projeto da Visiona está orçado em cerca de 14 milhões de reais, frente aos 200 milhões do Amazonia-1.
Vale lembrar que tecnologias essenciais para o projeto da E3UCAM foram financiados por agências públicas de fomento à pesquisa, como a Fapesp, o que demonstra a importância do investimento público na ciência de base para a produção de tecnologia aplicada e de ponta.
Referências:
- Estadão; Exame. “Após crise no Inpe, governo já testa monitoramento privado de desmate”. Acesso em: 23 set. 2019.
- INPE. “Amazonia-1”. Acesso em: 23 set. 2019.
- VASCONCELOS, Yuri. “Um satélite brasileiro”; Revista Pesquisa Fapesp. Acesso em: 23 set. 2019.
- VASCONCELOS, Yuri. “Visão aguçada”; Revista Pesquisa Fapesp. Acesso em: 23 set. 2019.