O mercúrio, além de ser um metal pesado, é considerado uma neurotoxina — ou seja, uma substância capaz de afetar negativamente as funções neurológicas do corpo humano.
Quando transformado em vapor, o elemento químico é absorvido facilmente pelos pulmões e pode atravessar a barreira hematoencefálica, se instalando no sistema nervoso central. Nesse caso, as consequências vão desde alucinações até psicose. Outros sintomas comuns são vômito, diarreia, gosto metálico na boca, distúrbios de sono e inflamações bucais.
A intoxicação por mercúrio surgiu na Europa Medieval. Na época, os chapeleiros utilizavam colas feitas com uma forma do metal, chamada de nitrato de mercúrio, para finalizar os chapeús. Como passavam muito tempo expostos ao vapor desse elemento, eles começaram a adquirir sintomas de insanidade e por isso eram ditos como malucos. Em 1837, uma expressão muito comum no continente era “louco como um chapeleiro”. Hoje em dia, “doença do chapeleiro maluco” é o nome utilizado para caracterizar esses distúrbios neurológicos causados pelo mercúrio.
Quase trinta anos depois, o famoso autor Lewis Carroll, em seu romance “Alice no país das maravilhas”, criou o personagem Chapeleiro Maluco. Ele tem todas as características de um homem intoxicado, com atitudes e falas insanas, constantemente mudando de humor e agindo como se não estivesse 100% presente naquele mundo.
A exposição ao mercúrio, segundo a Organização Mundial da Saúde, pode ser orgânica ou inorgânica. A última é exemplificada pela cola dos chapeleiros e por outros produtos — como a amálgama dental utilizada pelos dentistas — que possuem alguma forma do metal pesado. Os tão comuns termômetros de mercúrio também são muito perigosos: se uma pessoa sem querer quebrar um e continuar exposta à substância por muito tempo, pode sofrer os mesmos danos neurológicos citados anteriormente. No Brasil, desde 2019, a venda desse tipo de termômetro é proibida.
A exposição de forma orgânica se dá pela ingestão de peixes. Atividades vulcânicas podem fazer com que o mercúrio da lava entre na água e contamine os animais dali que, muito comumente, são consumidos pelos seres humanos.
O tratamento para a intoxicação envolve métodos de administração de oxigênio e de broncodilatadores, tipos de medicamentos que provocam a dilatação dos brônquios.